sexta-feira, 27 de março de 2009

Aperto

As breves palavras que não saciam o desejo
o leve toque da tua mão, ambicionando apenas mais um beijo
As palavras pobres que flutuam paradas no tempo
esperam um abraço ou apenas um aconchego lento
E a  boca que desespera por amor
faz desesperar os olhos que brilham por tamanho ardor
Salas vazias nas nossas vidas
onde vagueiam agora pessoas desconhecidas
longa a noite e também os dias 
onde voam abertamente pequenas almas vazias
Passo a passo abre-se um sentimento
desconhecido e voraz buscando apenas um momento
oportuno e sinico assim é este caminho
onde parece que só eu o percorro sozinho
Em vão se desfazem coisas boas
só porque crescemos e aprendemos que gostamos destas pessoas.
Apertos de garganta , dos sonhos e do coração
fazem rasgar os tambores que uivam no meu coração.

terça-feira, 17 de março de 2009


Madre perola na tua boca fria
verde molhado, na tua pele macia
toco o infinito para te ter
desfaço razões para não te perder
saio de casa com o cabelo molhado
não tenho chaves para te dar o recado
amigos que bom vos ter
são portos seguros nestes infernos de prazer
garganta que arranha pela secura
aqui vamos nós em mais uma noite escura
olhos baços e gestos perfeitos
embala o cego nos seus meandros
Madre perola na tua boca fria
mais uma tarde passada sem a tua companhia
criança perdida e esgotada
nada neste caminho te mostrará a encruzilhada
corre veloz para não te ver
segue seu caminho, minha ira, raiva , sede de viver
Madre perola na tua boca fria
deixa-me de rastos, vive por segundos a minha vida
sangue quente e carne trémula 
fugo para sempre desta realidade eterna
saiem palavras e gritos dedilhados
são furias rasgadas de guitarras isoladas
faco poesia com os meus sentimentos
para quê camuflar tão estranhos lamentos
são sonhos quebrados e vidas refeitas
são eles o lamento de todos os meus desejos
Madre perola na tua boca fria
só paro se te vir na minha vida
rostos sós e iluminados
são parte de nós e de todo este passado
vamos com ritmo nesta escrita desenfreada
sigo o vento e a chuva, não me pára a trovoada
Madre perola na tua boca fria
Cava-me no peito a tua serventia
desenterra os fantasmas e faz-me sofrer
não guardes nada no presente de morrer
Madre perola na tua boca fria
quente este desejo de voltar a ter um pouco da tua vida.
Lento o ritmo como me tratas
sou mais um no teu rasgado baralho de cartas.
Madre perola na tua boca fria
chora em mim uma criança cuja luz perdeu o dia. 

terça-feira, 3 de março de 2009

Saudade

Saudade é solidão acompanhada, 
é quando o amor ainda não foi embora, 
mas o amado já... 

Saudade é amar um passado que ainda não passou, 
é recusar um presente que nos magoa, 
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais... 

Saudade é o inferno dos que perderam, 
é a dor dos que ficaram para trás, 
é o gosto de morte na boca dos que continuam... 

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: 
aquela que nunca amou. 

E esse é o maior dos sofrimentos: 
não ter por quem sentir saudades, 
passar pela vida e não viver. 

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda