quinta-feira, 24 de abril de 2008

Abril meu


O meu abril está agora longe, tem liberdade é verdade. Mas liberdade limitada. O abril meu, que se afastou chorando por não ter nada , por ter deixado a mensagem sem ter tido resposta. 
O meu Abril é diferente do vosso, é cheiro , noite e jogo, são todos os sentidos embrulhados , é mais que a revolução, é seio da loucura do meu ser, é golpe de estado no meu coração! O abril meu é noite quente de verão, tem contornos magros e silhueta esbelta, ternurenta, não tem ódio , tem tesão.
Desse Abril, agora distante, restam seus olhos magros e brilhantes, seu amor guardado em cofre de aço que fechei com mil chaves que não sei onde deixei. Cravo transformado, Cravo que eu transformei, resta-me esperá-lo, resta-me ouvir seu sopro ao longe, tentar descodificar seu vento quente que passa na minha cara como que me iludindo na espera do seu retorno. 
Abril meu que passou e não dei conta, Abril despedaçado no chão, pisado pela minha rebelião, esventrado pelas milicias da minha alma, da minha indecisão. Abril que cresceu comigo, que me educou e me fez Homem, abril que largou, que partiu , que voou, Abril de primavera , da cor do arco-iris, iluminado , em dia de chuva e de trovão. Abril de mensagens codificadas, de romance antigo e belo que me fez rodopiar , do qual larguei a mão e deixei cair. 
O meu Abril é o melhor de todos, é só meu e sempre será, não me importa a história do mundo ou das pessoas, da fisica, das regras ou comportamentos, ele é meu , mesmo longe, mesmo sem mim! Abril meu , com toda a força do meu coração.

25 de Abril sempre!

1 comentário:

Fernando Gouveia disse...

Se Abril pudesse ser apropriado por uma só pessoa na~seria nada, pois tudo o que é de uma só pessoa tem a dimensão da pessoa, isto é, uma dimensão muito breve. O 25 de Abril foi uma acção hoistórica que libertou todo um povo, e deu direito de cidadania a quem o não tinha. É um acto de civilização contra a barbárie do fascismo, é o início duma nova potencialidade cívica, é um recomeço de história colectiva.
Quem o viveu por dentro nãp pode esquecê-lo, pois raramente um Homem tem duas possibilidades de viver eventos de tal dimensão.
Um abraço do tio
Fernando